sábado, 13 de novembro de 2010

Frágil como ando, não sei bem aonde vou. Essa revolta interna me deixa meio incoerente, indecente, impaciente. Me deixa in. Me deixa on. Me deixa off.
Me deixa dentro, ou te deixa fora. Me deixa por cima, me deixa de lado, me deixa afastada. Offline, desligada de você. Quem me dera. Quem me roubou? Será que o que falta em mim tem em você?
Será que tem o suficiente pra mim e você? Me dá um pedaço? Me empresta, te devolto.
Deixo cobrar juros, correção monetária e o que mais vier. Cobre.
Aço. Ouro. Chumbo. Do que será que é feito seu coração?
Nunca saberei. É como mamãe diz: Coração dos outros é terra que ninguém pisa...

intenções

Nunca quis te machucar. Nunca quis partir. Não, não amor, eu quero ir para Verona com você. Pensei em te telefonar mas não tive tempo. Um dia eu vou até a Lua buscar o que for pra você. Sempre quis você do meu lado. Queria ver o seu sorriso mais uma vez.

Meu deus, quantas vontades, promessas e blá blá blá. Ninguém nunca te ensinou que é feio mentir?! Que não se fazem promessas que não podem se cumprir?!
Não né, você só estudou naquela maldita escola da malandragem. Pena que meus preferidos fizeram Ph. D. lá.
Suas intenções são sempre boas. Mas de intenções boas, meu baú e o inferno estão lotados.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

culpa

me sinto meio culpada, porque eu tenho a impressão de que se eu não tivesse mexido com a sua vida, ela estaria como antes. como se a sua ida tivesse sido por causa disso.
sei lá, você teria menos gente com que se preocupar.
é só isso hoje, um pequeno desabafo de uma alma meio perdida.

sábado, 6 de novembro de 2010

não pensa

Sinto a sua falta. Sábado sem os seus toques. Uma vontade de lembrar do que nunca aconteceu. Será que você sente a minha também?
Não chora, não deita na cama para pensar no que perdeu. Pensa no que vai que vai ganhar. Não pensa em mim.Só comigo pode doer tanto.
Eu te amo, pense nisso como um consolo. E não chore.
Não me esqueça. Mas não pense em mim.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

sobre tudo e você

É que é tudo você. Tudo me lembra você. O cheiro do seu perfume vem quando eu coloco a cabeça no travesseiro. Os vultos apressados na rua são todos seus, o seu rosto está em toda parte.
Hoje eu vi um bebê sorrir, mas por um breve instante, alguma coisa ali me lembrou você. Acho que era aquela pureza engraçada de se ver em um sorriso masculino.
Escutei músicas que foram feitas pra gente. Me peguei pensando como seria se você estivesse aqui do meu lado agora, se elas fariam tanto sentido. Darling, espero eu que não.
É que depois você me vê vermelha e acha graça. Mas você provoca. Já sinto saudades da sua risada sapeca, do seu olhar apaixonado. Do seu sussurro de pé de ouvido.
Sinto falta de você me chamando de fresca, e cada vez que eu olho pros meus dedinhos do pé, me lembro de ti.
Tudo me lembra você.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

relógio

Eu olho pro relógio. Cada segundo que passa merece uma lágrima. Como se dissesse: Fui roubado da sua relação. Cada um deles. Como se cada segundo que passasse, ao invés de ser 'mais um', vira 'menos um'.
E eu espero que valha a pena pra você, a minha dor e a sua dor. Que elas no fim só não nos deixem nos desaproximar, sem importar essa dor infernal e a falta incrível que você me faz.
Que você sinta prazer em perseguir isso que você quer, e que me veja nisso também. Que quando você escorregar no gramado depois de um dia de chuva, cada simples grama seja um toque meu, e que você veja nisso força pra levantar. Porque é pra isso que eu estou aqui, pra te por pra cima.
Que você tenha pra quem voltar, porque eu sempre vou estar aqui. Sem te desapontar.
Como eu tenho certeza que você nunca fará. Como eu tenho certeza que vou sentir uma felicidade de maneira sub-consciente e não vou entender, cada vez que você fizer um gol. E eu vou sorrir quando for ao médico e constatar que eu continuo baixinha. E com esses pequenos lembretes, a gente aguenta. Com esses pequenos lembretes, a dor atenua. Com esses pequenos lembretes, a distância desaparece.

Só não deixa o amor morrer.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Letras


Criatividade anda se dissipando. Falta de concentração a mil, nenhuma palavra combina com a outra. Queria entender porque até minha confusão mental tem formato de poesia. Porque os textos agora saem todos iguais e você permanece na minha cabeça? As vezes forçar as letras no papel não é bom. As vezes elas não deviam aparecer por aqui. Quando se tem tempo contado pra fazer o que se ama, não se faz tão bem. Se faz forçado, não de modo automático. Minha letra piorou, não é mais redonda. Talvez eu aprenda a usar caixa alta. Talvez a confusão que está aqui dentro vá embora quando as linhas curvas das letras forem embora. Vou jogá-las fora, só pra ver se dá certo.

sábado, 4 de setembro de 2010


Senti sua falta no café da manhã. Achei até engraçado o fato de querer o contato com a sua mão quente enquanto você me passa o pote de margarina com aquelas gotículas depois de sair da geladeira que está no degelo. Sinto falta de rir comendo torrada, enquanto você fala suas asneiras habituais sobre o capitalismo e sobre chicletes. Sinto falta do jeito que você beija a minha testa e pega o paletó, enfrentando mais um dia cheio no escritório, e me deixa meio zonza depois de perceber que um beijo na testa não é o suficiente. Ainda sinto o gosto do café na sua boca, e você me joga no sofá. O momento se quebra com uma risada, pra um melhor ainda e depois uma despedida apressada, para que você não mude de idéia e acabe aqui comigo.
Eu sinto sua falta enquanto estou tentando escrever um relatório para o trabalho, mas tudo que vem na cabeça é você. Sinto falta de cada sorriso que você já me deu, e sinto falta dos que você ainda não deu. De repente, vem uma nostalgia incompreensível, e eu me levanto para uma xícara de café. Levo a xícara até os lábios, e sinto o gosto do seu beijo durante a manhã. Lá se vai mais um relatório, porque é simplesmente impossível com você assombrando a minha mente. Lá se vai mais um fôlego, porque ele some ao pensar em você. Lá se vai minha sanidade, que sempre me deixa quando o assunto é o seu sorriso. Mas eu preciso me recompor e aceitar que esse não é o momento próprio para pensar em você.
Mas afinal, que momento seria próprio?

Meu sorriso foi embora junto com você. Choque de realidade. Ver que o mundo não é conto de fadas. Me cansei de falar dos problemas. Queria que tudo fosse realmente um conto de fadas.
Ninguém nunca vai sentir tanta saudade. O coração explode. O sangue jorra. E nós choramos. Caímos. Nos Precipitamos. Sofremos. Amamos.

Vazio

Abro meus olhos e me reviro pela cama. Tateio em busca do seu abraço quente, do seu sorriso claro e dos seus olhos compreensivos.
Nada acho. Procuro mais um pouco, ainda de olhos fechados, sem querer absorver a verdade simples e pura que está no seu lugar da cama: Você cansou.
Cansou. Feriu. Magoou. Deixou. Se foi.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Alice.

As lágrimas caiam compulsivamente enquanto eu escrevia no diário. Eu havia cansado de sofrer por ele. Não queria mais. Queria ter paz de espírito, meu momento pra pensar e parar de me preocupar se tudo que eu fazia ia afetar na vida dele. Me senti tonta, faminta. Talvez eu devesse comer algo, estava sem forças
Levantei-me da cama, mas no exato momento que fiz isso, senti como se estivesse caindo na toca do coelho, como Alice. Só que era mais escuro.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Avenida



Ele sorrira pra mim, do outro lado da rua. Tive vontade de correr até o outro lado daquela avenida, pular no pescoço dele, me afundar em seu cheiro. Quis dizer que nenhum poste daqueles brilhava tanto quanto os olhos dele. Eram lâmpadas de mil volts. Nada era mais bonito que seu rosto, nem a vista de cima de um prédio daqueles, nem os modelos de outdoors.
Eu ainda não sei como deixei passar. Você simplesmente fez sinal para um táxi, abriu a porta e se foi.
Acabou que nunca soube seu nome, sua cor favorita, sua paixão secreta. Nunca foi meu. Nunca te tive nos meus braços e nunca acordei ao seu lado.
Mas nos meus sonhos, você era mais que tudo que já tive. Mais que avenida inteira.


-


eu vou dedicar esse pro alfinha *-*, por cuidar do meu coração. obrigada (:

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Equilíbrio


Nunca pensei que eu fosse ficar tão deprimida em tão pouco tempo, tão de repente, saindo da completa felicidade para a completa tristeza.
Bom, é a vida. E é o mundo.
E ele gira rápido demais, ainda mais quando é você que está por cima.
um segundo de falta de equilíbrio e PAF. Você cai, está por baixo, derramando suas lágrimas guardadas para alguém que merecesse.
Você se machuca. Você chora. Você sangra.
E você perde. Como sempre.


Patético.



terça-feira, 13 de julho de 2010

Traços



Nossa música toca de fundo. Tudo evapora, incluindo nossas roupas e as minhas lágrimas. Você é a pequena exceção, continua aqui. Seus beijos me assaltam, carregando consigo o resto de vergonha e incerteza que ainda não tinham completado a evaporação.  Suor se esvaia. Podia sentir os lagos, rios e oceanos pelo meu corpo. Podia sentir o seu sorriso, não vê-lo. Meus olhos fechados ignoravam completamente a vontade de ver o seu rosto e achar novos traços para memorizar.
Acabei por serrar os olhos ainda mais, o ritmo de tudo aumentava. Minha pulsação, sua respiração, as batidas dos nossos corações, o solo que tocava no som.
Tudo tinha adrenalina. Tudo corria, era rápido, uma bagunça.
E quando tudo terminou, meus olhos cederam, observaram um pouco mais seus traços. Vi sua boca mover-se em um ‘eu te amo’ silencioso e caí no sono, em seus braços.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Bee


A abelha voava próxima de mim, enquanto eu tomava um suco extremamente doce. Não me lembro do que era. Talvez fosse de laranja, ou de manga.

Tinha alguma coisa naquele suco, talvez fosse a simples felicidade preguiçosa de um domingo agradável, com sol. Talvez fosse a minha felicidade.

Eu não me importava, era felicidade misturada no meu suco. De onde vinha, pouco me importava.

Fitava o mar, no ponto de onde ele deixava de ser cristalino para transformar-se em verde. E segui um pouco mais adiante, onde o verde transformava-se em azul. E onde o azul simplesmente clareava, mostrando-me o céu sem nuvem alguma. Nada de algodão lá. Tinha simplesmente azul, azul, azul, azul e mais azul. Com uma bola perfeitamente redonda de luz.

Sol.

Fechei os olhos, aproveitando o calor do sol na minha pele. Vitamina E. Eu sorri levemente por estar cumprindo o combinado com o meu médico.

Fiquei deitada, perdendo a noção do tempo, enquanto ouvia música com fones de ouvido que machucavam meus ouvidos. Eu não me importava, a música era boa.

Meu sorriso se alargou quando o sol se pôs, pintando o céu de laranja repentinamente. Estava sozinha na praia.

Pude pensar claramente. E isso era felicidade.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Seu jeito

O modo como conduz as nossas conversas me cansa, me deixa tonta, com o pé atrás.
Seu jeito de dizer que me ama me derrete. A maneira como você se aproxima também, e você pode levar isso no sentido que preferir.
Tento ainda encontrar um padrão nisso tudo, que me diga o que você vai fazer em seguida. Mas eu sempre erro. Você me cega.
Pior ainda é o jeito fácil que você me tem nas mãos. A maneira como você me fascina. O modo como você me beija e como você acaba me fazendo chorar.
É engraçado como eu pareço importante pra ti, e como eu não duvido do seu amor, embora devesse.
As vezes me pergunto porque eu tenho tanta certeza que um dia vou ter seus braços em volta de mim. E eu percebo que é porque nós dois merecemos isso.
Por cada madrugada em claro, por cada briga e por cada sonho.
Cada lágrima. Cada pensamento.

Será que é tão difícil assim?

Eu queria só esquecer de você.
Eu queria só passar a borracha em tudo isso.
Eu queria ver outro sorriso sincero seu.
E eu sei bem que isso não vai acontecer.
Mas ainda acho que podíamos voltar atrás, poderíamos ser ‘nós’.
Poderíamos deixar de ser ‘eu e você’.
Seriamos ‘nós’.
Então vem, me dá um sorriso, segura minha mão e me faz esquecer o que passou. Por favor.

Secretária eletrônica

Tirei o telefone do gancho. Disquei os números preguiçosamente, pensando no seu toque.
Ouvi sua voz na secretária eletrônica. Ela me disse pra dizer meu nome após o bip, mas eu não pude obedecer, desculpe. Ela me disse também que assim que você pudesse me ligaria de volta, mas a sua ligação nunca voltou.
Sua voz me pareceu simpática, feliz, por receber a ligação, enquanto a minha tentava fugir de qualquer jeito. E ela fugiu, na forma de um grito trêmulo após o telefone repousar no gancho.
Ela um dia vai fugir na forma de um eu te amo precipitado, ou numa palavra pra te confortar. Pra buscar o seu melhor. Um dia ela nem vai precisar fugir pra você entender o que eu quero dizer.  Só um sorriso vai bastar.
Agora seria um bom momento para um sorriso.

Saber quem você é

Mal te conheci e te amei, e não sei direito como. Não sei como amei comer miojo com você ou sabia do teu sorriso sem vê-lo. Como? Eu sei que tudo isso é loucura, mas faz frio aqui sem você.  Não sei como sei, só sei. Sei que você me ouve, e as vezes tem vontade de dizer que é tudo ‘blá, blá, blá’ de menininha. Da sua menininha. E eu to com saudades de você. Dos seus toques que nunca senti. Das cores que eu veria em você. Da sua mão na minha. Dos nossos beijos e risadas. Da nossa relação mais profunda que não existiu.. Sonho com tudo o que tenho saudades. E eu não poderia ter saudades de coisas que nunca fiz nem tive. E eu to com saudades de você.
Amor. No meu dicionário, é sinônimo de você.
E eu perco meu chão, meu foco, minha respiração e minhas palavras por sua causa. E aí você está comigo. É meu. Mesmo com nossos mundos diferentes que ruíram.
E eu sei que você me entende, sei que você me quer. Eu sei que tudo isso é a gente.
Mas como você poderia me esperar?
Você vai me esperar? Vai me buscar se eu me afogar em um poço das minhas próprias lágrimas? Vai ser meu herói?
E com as nossas voltas e revoltas eu aprendi tanta coisa...
Aprendi que cada palavra que você diz é poesia.
Cada risada sua é música e cada lágrima que você derrama é água no deserto. Também aprendi que eu tenho que jogar do lado mais seguro, não me arriscar tanto, o que é uma coisa, que por mais que tenha aprendido, tenho certeza de que não vou fazer.
Mas eu descobri também as minhas vontades. Aquelas que só de pensar, o estômago já dá cambalhotas.
Só sinto vontade de te tocar. De estar com você. É como se fosse o paraíso, e eu quero isso.
Pra sempre, eu e você.
Eu não quero ir pra casa agora. Não com tudo que você me diz. Eu só quero que você me pegue nos braços. Quero ouvir a sua voz no meu ouvido. Quero teu corpo colado no meu. Quero sua mão no meu cabelo. Quero ser impulsiva e fazer tudo errado. E depois te pedir desculpas.
Sinto muito por tudo e mais um pouco, sinto muito por te querer tanto.
Mas quando tudo for certo, você vai me abraçar, me chamar de sua. Eu serei sua. Quando eu for sua, nada mais vai existir. Porque eu só quero saber quem você é.

-

Amor, você sabe que os da seção "você" são teus. Mas esse é eterno. É a minha carta nunca enviada - ou enviada agora - pra ti.

Quando

Sabe quando você sente que não é o suficiente pra quem é o suficiente pra você? Sabe quando você sente que tá prendendo quem não te prende? Sabe quando você sabe que essa pessoa precisa de outra, mas você precisa dela? Quando você não quer só soltá-la e deixar que ela faça o que precisa. Mas ela precisa. Você tem que entender que faz parte dela.
Não quero dizer pra você complementar o que tem, eu deveria complementar pra ti. Eu deveria ser o que você precisa. Deveria ser suficiente pra ti. Deveria não te prender. Deveria não ter que te soltar.
Desculpe, mas eu acho que não sou o suficiente.
Às vezes números não são só números.

Proteção



Andávamos observando a paisagem mais linda, e talvez a mais cruel. Fazia um frio cortante, o vento jogava neve pra cima da gente, e ele me abraçou, pra me proteger. O que ele fez a vida toda, me protegendo de tudo o que achava que me faria mal. Protegeu-me de meninos, de mosquitos, de frio, de sol, de chuva, da fome, de lágrimas, de perdas, e de tantas coisas mais que eram difíceis de enumerar mentalmente.
- Pa-pa-paaai – Meus dentes batiam um no outro, fazendo barulho. – Aqui está friiiiio.
- Tudo bem, mocinha. Vamos voltar pra dentro.
Ele me puxou pela mão, coberta com luvas, mas que ainda assim não me protegiam do calor familiar das suas mãos.
Eu sorri, e tinha certeza de que ele ainda via um bebê coradinho e sem dentes gargalhando. Eu sempre seria um bebê coradinho e sem dentes pra ele.
Nós entramos em casa, e ele ligou o aquecedor. Ele me abraçou novamente, mas dessa vez foi um sinal de carinho, um sinal daquele laço que nos unia desde que eu era apenas a junção de duas células. Pai. Ele era meu pai.
Eu gostava do som da palavra. Era sonora. Era viva.
Ele me colocou na cama, e por um momento eu tive vontade de pedir a ele para me contar uma história pra dormir. Tive vontade de pedir meu leite com Nescau que costumava ser o melhor. Não fiz nenhum dos dois, eu só disse boa noite. Desejei secretamente ainda ser um bebê.
Fechei os olhos e senti ele sair do quarto, senti a confiança o seguir, senti o amor apertar no peito. Sorri e adormeci. E em meus sonhos, eu ainda era o bebê coradinho e sem dentes dele.

-

PS: Essa é dedicada pro meu pai (L)

Pesadelo

Acordar e ver que tudo não passou de um sonho bobo é frustrante.
Quase me deixa sem forças e sem vontade de lutar. Mas aí eu fecho os olhos de novo e sonho com você aqui, abraçado comigo, deixando a minha cama com o seu cheiro, me mantendo aquecida. Me mantendo com você, com seus carinhos, com seus sorrisos.
Às vezes acho que vou chorar, mas de repente me vejo rindo pensando em você.  Em como eu queria que meus sonhos fossem tanto verdade e no quanto eu queria você aqui comigo, agora, pra me completar. Pra me fazer me sentir bem, de um jeito que só vou estar com você.
Corta a distância pela gente e me abraça. Só me deixa colocar as lágrimas que guardei pra você pra fora quando me abraçar. E quando você sorrir e disser que me ama. As que eu guardei pra você são suas.

Desafiar a gravidade

Eu acho que você não vai me colocar pra baixo.
E você não vai me colocar pra baixo.
Eu não vou te deixar me jogar pra baixo.
E eu vou desafiar a gravidade do seu mundinho, aquele que gira em torno do seu umbigo e das suas vontades.
E nem mesmo a gravidade vai me impedir de voar.
E você não vai me colocar pra baixo.
Você não vai, não vai.
Eu vou desafiar a gravidade do seu mundo.
Eu vou voar.
E vou ser forte. Você não vai me jogar pra baixo.
Eu vou voar.

-

PS: Foi escrito com base na música "Defying Gravity", na versão do Glee. (:

E só eu que podia.

Eu achava que eu - só eu – podia te fazer sentir tudo isso. Achava, sinceramente, que só eu poderia fazer seu coração bater mais forte, ou conduzir borboletas ao seu estômago.
Achava que amanhã seria outro dia com você.
Achava que seria outro dia de pura felicidade.
Achava que só eu iria conseguir tirar esse sorriso gentil dos seus lábios e que só eu te daria tanto carinho e amor.
Mas não.
Você conseguiu tudo isso - e mais um pouco, vamos admitir - com ela. Conseguiu tudo o que queria. Tudo que eu não pude te dar.
Mas, o tempo vai passar, e um outro alguém te fará sentir tudo o que você me fez experimentar.
A chuva vai passar, o tempo vai clarear.
E eu vou valorizar esse outro alguém, como você não soube fazer comigo.
É só o tempo da chuva passar.

De repente

De repente, eu te vejo aqui.
De repente, você sorri pra mim, e eu mal posso acreditar.
De repente, o telefone toca, é a sua voz, e ela me diz ‘Eu te amo’.
De repente, eu sinto frio, e é o seu abraço que me aquece.
De repente, sinto sua falta, você não está, mas eu posso sentir que você gostaria de estar perto para me tranqüilizar.
De repente, eu sei que você também sentiu a minha falta, e que pensou em mim o dia todo. E eu quero estar aí com você, pra você lembrar depois e sorrir.
De repente você me deixa sem fôlego com um beijo, e a gente sorri junto, como se fosse programado.
O coração aperta, as mãos tremem, aquele frio na barriga aparece.
Nem sei como eu consigo respirar. E eu agradeço por te ter aqui. Agradeço por ter por quem chorar, pra quem sorrir e em quem pensar antes de dormir. Antes de dormir e sonhar.

Choro


Choro, grito e angústia. Eu caminhava por entre os sobreviventes raros de mais uma catástrofe provocada pela soma de ação humana e força da natureza. O resultado não poderia ser diferente. Muitos mortos, mais desaparecidos ainda. Por uma coisa simples, comum e bela. Chuva.
Chovia muito, e os repórteres nos cercavam, querendo números, estatísticas, imagens e o que mais pudessem pôr as mãos.
Eu só queria ajudar um pouco mais, amenizar a dor de mais famílias.
Consegui sentir o choro apertar a garganta, me fazendo lembrar da minha chuva interna. Lembrei-me do primeiro corpo que retirei dos escombros. Lembrava-me do corpinho gélido de criança nos meus braços. Da falta de vida naquele rosto.
Chorava. Chorei por não saber mais o que fazer.
Por não poder devolver a vida. Continuei o trabalho, mesmo com lágrimas nos olhos. Precisava continuar, e com sorte, salvar alguma vida. A cada segundo que se passava, aquilo me parecia ainda mais improvável.
Mais corpos e muito menos vida naquele ambiente sujo, impróprio. Corpos inanimados. Mortos. Sem vida.
As máquinas trabalhavam sem cessar, não paravam. A chuva continuava. Atrapalhava. E eu continuava a chorar. Meu choro atrapalhava tanto quanto a chuva.
Minhas lágrimas caíam sobre os corpos que eu carregava. Molharam minhas roupas enquanto me trocava para voltar pra casa, depois de um dia exaustivo. Molhou o carro, as chaves, o banco do motorista.
Minha vida foi regada pela chuva, pelas lágrimas e pelas tragédias daquele dia tortuoso.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Fragmentos



Toques que nunca senti.
Beijos que nunca dei nem recebi.
Sorrisos que eu nunca vi.
Olhares que eu nunca troquei.
Suspiros que eu nunca escutei.
Abraços aos quais eu nunca me entreguei.
Carinhos que eu nunca sentirei.
Vozes que nunca disseram meu nome.


São tudo o que eu tenho de você, meus fragmentos de felicidade que eu guardo comigo por você.

Chuva

Ela se deitou na grama molhada, sabendo que a roupa iria sujar.
Deixou que a chuva molhasse seu rosto, limpando os últimos vestígios de maquiagem que haviam ali.


Chorava junto com a chuva, tentando tirar uma lição daquilo tudo. Não parecia ter lição.
Era só sofrimento. Dor. Angústia. Desapontamento. Tudo junto, numa roda gigante de confusão que girava cada vez mais rápido.


Dor. E o mundo girava novamente.

Sofrimento. E a velocidade aumentava drasticamente.


As lágrimas corriam em outra velocidade também.


Era minha chuva interna, minha chuva de pensamentos e de dor.

Minha tempestade particular. Minha tempestade de idéias estranhas e de imaginação incoerente.


Frases que quando foram ditas pareciam inocentes, mas que agora lhe saltavam á mente, de modo a deixá-la com dor de cabeça.

Principalmente os “Eu te amo”. Eles eram os que mais gostavam de se rebelar. De fazê-la chorar ainda mais.


Só precisava de um lenço e de roupas secas pra por um fim naquilo.


Com o resto, ela podia viver.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Toda Vez

Porque toda vez que tudo dá errado eu tenho que continuar?
Porque será que toda vez que o mundo desaba eu tenho que bancar a forte e tentar reconstruir?
Ah, eu só... Cansei disso.


Eu estou assustada, e se eu estou assustada, eu quero poder chorar até dormir. Quero dormir até chorar de novo. 
Quero ter com quem desabafar.
Quero ter com quem ser transparente e franca.


Isso parece certo.
Isso me faz querer ser certa, querer ser forte.


É diferente de ter que ser certa e forte.
Eu só sei que estou te pedindo para não tentar impedir a dor. Eu vou sobreviver, apesar da dor.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Fuga

Ás vezes eu queria calçar um par de tênis, abrir a porta, e correr para o lugar mais longe que eu conseguisse.


Queria não ter que ver muita coisa. Queria não ter que sentir muita coisa.


Quantas lágrimas eu não teria deixado de derramar se eu pudesse simplesmente fechar a porta de casa e pegar um ônibus, pra ir tomar um sorvete? Olhar a vida da maneira mais simples possível.


Queria não precisar escrever tanto. Queria não ter que cometer os mesmos erros outra vez, só como meio de fuga. Queria não me envolver tanto com meus erros.


Queria só me sentar e falar dos meus problemas. Queria rir a toa.


Queria fugir. Queria espantar pássaros na praia e cantar alto, sem medo de ser julgada pela minha voz nada boa.


Queria jogar os braços pro alto e gritar que a vida é bela. Só por fuga mesmo.


Pra tentar acreditar em mim mesma.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Garotos

Eles querem a gente feliz, mas acabam com a gente. Querem tentar por um sorriso no nosso rosto, mas sempre tiram lágrimas dos nossos olhos. Às vezes eu acho que eles só querem diversão.



E são assim até se apaixonarem. Como diz uma música:




“Eu continuo com a minha teoria, todo garoto vai se apaixonar um dia. E quando isso acontecer ele vai ficar preocupado, vai ter que engolir tudo que já tinha falado.”


E quando se apaixonam conseguem ser duas vezes pior. E sofrem com isso, como não sofriam antes.


E aí eles têm que desfazer o que foi feito, têm que correr atrás e fazer tudo pelas garotas.


Garotos são assim. Impressionante.


Não me impressiona que haja tanta lésbica por aí.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Lágrimas

Sinto o gosto salgado delas ao chegarem a minha boca, junto com o desespero que me apavora durante os últimos dias.



Choro mais ainda ao sentir o sal.


Um pouco de chocolate me faz falta. Misturado com sorrisos que nunca mais verei seria ainda mais bem vindo. Gostaria de ter te dito eu te amo pelo menos mais uma vez. Gostaria de ter o teu sorriso junto com o meu chocolate, bem agora.


Eu queria ter feito tanta coisa... Que agora não posso mais fazer.


Não tem como voltar atrás. Aconteceu o que eu temia. Ou ainda nem temia, por ser impossível. Não poderia acontecer com você, que era tão importante.


Eu, sinto sua falta. Mesmo.


Me desculpe por não ter dito eu te amo mais vezes.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Saídas

Ela abriu o notebook e pegou o cappuccino na bancada do café onde estava.
Não conseguia escrever. Apenas olhava a página em branco. Tinha um bloqueio ali.
Bebeu um pouco do cappuccino, ainda em devaneios sobre o porquê do bloqueio. Sujou a blusa nova com chantilly e não percebeu. Só digitou o que vinha na cabeça. Espontâneo.
Saiu espontaneamente. Embora o que saiu tenha sido um lixo, era ela ali, em cada ponto, vírgula, acento e palavra. Era ela.
Ela terminou o cappuccino, deixou uma gorjeta na bancada, fechou o notebook e saiu do café.
Saiu pra vida com a blusa suja de chantilly, depois de uma pequena fuga sobre sonhos e saídas.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Sonhos

As vezes, as pessoas te julgam por sonhar.
Que eu saiba, isso nunca, nunca foi proibido.

Os sonhos movem o mundo. A vontade de criar algo o move.
Mas se você sonha alto demais, dizem que a queda é feia. Porque seria?
São sonhos.
Que servem para te preparar para o futuro, sendo ele próximo ou remoto.

Eu poderia gritar a plenos pulmões que sonho.
Eu sonharia em gritar a plenos pulmões que o faço.
E faria. Mais um sonho que se tornaria realidade.

Eu sonho com todas as minhas forças.
Com cada célula do meu corpo, com cada pensamento e gesto.
Eu sonho, por ser o que eu sei fazer de melhor.

E meus sonhos me movem.
Assim como movem o mundo.

E sempre que eu chego perto de um sonho...
É como se tudo fosse possível.

Então, tente fazer o mesmo.

Sonhe. E então corra atrás para fazê-lo se tornar real.